11 de julho de 2010

Uma Vida - Poema de Elisabete Aguiar premiado pela Fundação Rotária

Uma vida

Ela via correr o Mundo, a vida…

Sentia as aragens que, suavemente, lhe arrefeciam as narinas…
Queria ser sonho, sede e fome de conquista garrida…
Não sabia ainda, que o tudo é o nada e que o nada não é nada!

(Entretanto, o Mundo corria…)

E ela corria…
Corria porque queria sentir, queria atingir e alcançar…
Alcançar como quem sonha e quem espera um dia…
Porque um dia é ser, fazer e ter outra vez…
Como se tudo fosse contínuo…

(Entretanto, o Mundo corria…)

E ela beijava com o amor de quem sente e espera…
Como a esperança de quem acredita no romantismo histórico…
Sabia que as sombras eram as lágrimas do Mal
E as luzes, a felicidade do Bem!

(Entretanto, o Mundo corria…)

Ia vendo a Morte espelhada nos rostos de quem gostava,
Como sombra escura de quem sobrevoa as trevas…
Chorava as perdas humanas como rio veloz e desesperado,
Que não volta atrás e segue o percurso inevitável até ao Mar!

(Entretanto, o Mundo corria…)

Acarinhava os rebentos como quem colhe os sopros da alma…
Uma alma pura e luzidia…
Confirmava a rotina dia após dia como se não a soubesse…
Mas ela sabia-a…

(Entretanto, o Mundo corria…)

Já sabia que o tudo é o nada e que o nada não é nada!
Estava na sina da compreensão e do fim do destino…
Porque as mãos já lhe tremiam com insegura segurança!

(Entretanto, o Mundo corria…)

Quando disse adeus ao sonho, à vida e aos tempos,
Os seus olhos fecharam como quem adormece docemente à flor da escura noite…
Houve choros de quem sente a partida da vida solvente…

Entretanto, o Mundo corria…

Bety

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